Teste- Cena I
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Teste- Cena I (Retirado de Mestre Finezas)
Grupo I Texto
O SONHO
Rei Leandro, Bobo
(No Jardim do palácio real de Helíria. Rei Leandro passeia
com o
bobo)
REI:
Estranho sonho tive esta noite... Muito estranho...
BOBO: Para isso mesmo se fizeram as
noites, meu senhor! Para pensarmos coisas acertadas, temos os dias - e olhe que
bem compridos são!
REI:
Não sabes o que dizes, bobo! São as noites, as noites é que nunca mais têm fim!
Bobo:
Ai, senhor, as coisas que não sabe...
REI:
Estás a chamar-me ignorante?
BOBO:
Estou! Claro que estou! Como é possível que não saiba como são grandes os dias
dos pobres, e como são rápidas as suas noites... Às vezes estou a dormir,
parece que mal acabei de fechar os olhos - e já tocam os sinos para me
levantar. A partir daí é uma dança maluca, escada acima escada abaixo: é você
que me chama para lhe alegrar o pequeno-almoço; é Hortênsia que me chama,
porque acordou com vontade de chorar; é Amarílis que me chama, porque não sabe
se há-de rir se há-de chorar -, e eu a correr de um lado para o outro, todo o
santo dia, sempre a suspirar para que chegue a noite, sempre a suspirar para
que se esqueçam de mim, por um minutinho que seja!, mas o dia é enorme,
enorme!, o dia nunca mais acaba, e é então que eu penso que, se os reis
soubessem destas coisas, deviam fazer um decreto qualquer que desse aos pobres
como eu duas ou três horas a mais para...
REI
(interrompendo): Cala-te! (...)
BOBO:
O que foi que logo de manhã o pôs assim tão zangado com a vida? (...)
REI
(Suspira): Ah, aquele sonho! Coisa estranha e esquista aquele sonho...
BOBO:
Ora, meu senhor! E o que é um sonho? Sonhou; está sonhado. Não adianta ficar a
remoer.
REI:
Abre bem esses ouvidos para aquilo que te vou dizer!
BOBO:
(com as mãos nas orelhas): Mais abertos não consigo!
REI:
Os sonhos são recados dos deuses.
BOBO:
E para que precisam os deuses de mandar recados? Estão lá tão longe...
REI:
Por isso mesmo. Porque estão longe. Tão longe, que às vezes nos esquecemos que
eles existem. É então que nos mandam recados. Mas os recados são difíceis de
entender. Acordamos, queremos recordar tudo, e muitas vezes não conseguimos.
BOBO
(aparte): É o que faz ser deus... Eu cá, quando quero mandar recado, é
uma limpeza: "Ó Brites, guarda-me aí o melhor naco de toucinho para a
ceia!" (Ri) Não preciso de mandar os meus recados pelos sonhos de
ninguém!
REI:
Que estás tu para aí a resmonear?
BOBO:
Nada, senhor! Reflectia apenas nas suas palavras.
REI: E bom é que nelas reflictas.
Apesar de bobo, quem sabe se um dia não irão os deuses lembrar-se de mandar
algum recado pelos teus sonhos... (Pára, de repente. Fica por momentos a
olhar para o bobo, e depois pergunta, com ar muito intrigado) Ouve
lá, tu também sonhas?
(Aqui a cena fica suspensa, e a luz centra-se apenas no
bobo, que fala para os espectadores na plateia)
BOBO:
Será que eu sonho? Será que eu choro? Será que é sangue igual ao deles o que me
escorre das costas quando apanho chibatadas por alguma inconveniência que
disse? Que sabem eles de mim? Nem sequer o meu nome eles conhecem. Pensam que
já nasci assim, coberto de farrapos, e que "bobo" foi o nome que me
deu minha mãe. (Pausa) Se é que eles sabem que eu tenho mãe, e pai, e
que nasci igualzinho ao rei, ao conselheiro, a todos os nobres deste e doutros
reinos: E quando um dia morrermos e formos para debaixo da terra, tão morto
estarei eu como qualquer um deles.
VIEIRA, Alice, Leandro, Rei da Helíria, 3."
ed., Ed. Caminho, 1991 (texto com supressões)
1.
Caracteriza o estado de espírito do
rei, tendo em conta o seu comportamento ao longo do excerto. Justifica a tua resposta.
2. Como caracteriza a relação existente
entre o bobo e o rei? Justifica a tua
resposta.
3.
“…como são grandes os dias dos pobres, e
como são rápidas as suas noites...”
3.1.
Explica o sentido desta afirmação, que
foi proferida pelo Bobo.
3.2.
Descreve, por palavras suas, a vida
do Bobo.
4.
“Rei: Os sonhos são recados dos deuses.”
4.1.
Qual a explicação que o rei
apresenta para esta definição?
4.2.
De que forma reage o Bobo à
explicação do rei e por que razão?
5.
Atenta na última fala do Bobo.
5.1.
Identifica e explica, por palavras tuas, as críticas que o Bobo faz nesta fala.
5.2. “E quando um dia morrermos e formos para debaixo da terra,
tão morto estarei eu como qualquer um deles.”
5.2.1.Identifica
figura
de estilo presente na expressão, justificando
o seu valor expressivo.
6.
Atenta nas características do texto
dramático.
6.1.
Faz corresponder (ligando) a cada
excerto textual da coluna A o conceito dramático apresentado na coluna B
(Atenção: cada conceito só pode ter uma correspondência textual).
6.2.
Quantos
actos e quantas cenas tem o texto
dramático apresentado? Justifica a tua
resposta.
Grupo
II
9. “…é Amarílis que me
chama, (…) e eu a correr de um lado para o outro, todo o
santo dia, (...) para que se esqueçam de mim (...) se os reis soubessem destas coisas..”
9.1. Identifica e classifica as palavras sublinhadas.
10. Atenta nas seguintes frases
complexas.
a) “Acordamos,
queremos recordar tudo e muitas vezes não conseguimos.”
b)
Os deuses mandam recados, porque estão longe.
c) Quando quero mandar recado, eu
chamo o Brites.
d)Se for rei, eu mandarei fazer um
decreto pelos pobres.
e) Ele é bobo, mas nasceu igualzinho
ao rei
10.1. Identifica e classifica
as orações que compõem cada frase complexa.
11. Atenta nas seguintes frases.
A) Os reis farão um decreto,
naturalmente.
B) Bobo, abre bem esses ouvidos.
C)
Tive um estranho sonho esta noite.
D) O
rei e o bobo são iguais.
E)
Iremos para debaixo da terra, infelizmente.
11.1. Indica as funções sintáticas de cada frase.
11.2. Dá forma passiva à
frase da alínea a).
11.3. Coloca a frase da alínea
d) no Pretérito Perfeito do Indicativo.
12.
“REI: Estás a chamar-me ignorante?”
12.1.
Coloca a frase no discurso indireto.
14. Imagina que és o dramaturgo responsável
por continuar o texto dramático do Rei e do Bobo. Elabora a continuação desse texto dramático (150 – 200
palavras), de forma clara, correcta e concisa, no qual o rei conte o seu sonho
ao Bobo.
Aspectos a ter em conta:
·
Deve ter um acto e duas cenas.
·
Deve entrar, pelo menos, mais uma
personagem.
·
Deve ter, pelo menos, quatro
didascálias.
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·
Ao longo do texto devem ser usados
recursos expressivos, pelo menos, uma personificação, uma dupla adjectivação
e uma comparação.
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Teste- Cena IV
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